Mourão publica plano de redução de desmatamento na Amazônia no Diário Oficial
Plano foi publicado um mês antes de reunião sobre clima organizada pelo presidente dos EUA, Joe Biden, mas a meta divulgada é inferior à devastação registrada pelo governo
Nesta quarta-feira (14), foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) a resolução Plano Amazônia 2021/2022 que apresenta uma meta de combate ao desmatamento Amazônico. Nela, o vice-presidente do Brasil e presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, Hamilton Mourão, sinaliza que pretende reduzir o desmatamento até o fim de 2022 aos níveis da média registrados entre 2016 e 2020.
A meta divulgada é menor do que a quantidade de desmatamento registrada no governo de Jair Bolsonaro. Esta é a primeira vez desde o início do governo Bolsonaro que o país apresenta uma meta oficial de combate ao desmatamento na Amazônia. Segundo a rede Observatório do Clima (OC), o objetivo do governo não é reduzir, mas deixar a Amazônia ao final de 2022 com uma devastação “apenas” 16% maior do que a registrada no período pré-Bolsonaro.
Quando Bolsonaro assumiu, o desmatmento era de 7.500 km2. Ele o elevou em 48%, para 11.088 km2. A média 2016/2020 é 8.700 km2. Ou seja, @GeneralMourao quer ser aplaudido por prometer deixar o governo com uma devastação “apenas” 16% maior do que antes de ele assumir. /4 pic.twitter.com/cjx4FyR5J6
— Observatório do Clima, 19 anos (@obsclima) April 14, 2021
O documento apresenta um número oficial, 8.700 km² de desmatamento na Amazônia até o final do governo Bolsonaro, mas não explica quais medidas serão adotadas e não apresenta nenhuma previsão orçamentária para a ação.
A meta apresentada por Mourão nesta quarta ocorre pouco mais de uma semana antes de o Brasil participar de reunião sobre clima organizada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a “Cúpula dos Líderes sobre o Clima“, que será nos dias 22 e 23 de abril.
Durante reunião virtual no último domingo (11), com políticos, economistas, diplomatas e empresários brasileiros, o embaixador americano no Brasil, Todd Chapman deixou um recado de que o governo dos EUA considera a Cúpula de Líderes sobre o Clima, como a última chance de o Brasil mostrar preocupação ambiental para recuperar a confiança dos americanos e ampliar as relações com a Casa Branca. Ele acrescenta que o país vai “se tornar herói” se fizer uma “declaração contundente” e retomar seu papel de protagonista no debate sobre meio ambiente.
A mensagem mostra que essa é uma forma firme de Biden traçar as prioridades da agenda e dar um ultimato a Bolsonaro diante de influentes nomes dos setores público e privado. Os EUA querem que o Brasil se comprometa durante a cúpula com metas objetivas de redução de desmatamento ilegal, zerando a prática até 2030.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, insiste na ideia de que consegue reduzir a devastação da Amazônia em até 40% em 12 meses, se receber US$ 1 bilhão de países estrangeiros. Sem verba, disse que não se compromete com porcentuais, mas os americanos condicionam o financiamento a resultados concretos.
Entre os convidados da reunião, estava o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que por sua vez, perguntou se haveria alguma coisa que o setor privado pudesse fazer caso o governo brasileiro não cooperasse com o meio ambiente. Chapman respondeu que muitas empresas americanas estão exigindo uma resposta mais contundente sobre meio ambiente, porque não querem pagar a conta de quem está envolvido com ilegalidades e desmatamento.
De acordo com dados divulgados recentemente pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento na Amazônia em março foi o maior dos últimos seis anos. A destruição da floresta no mês passado teve crescimento de 12,6%, totalizando 367,61 km² de desmatamento. O recorde anterior pertencia a 2018, com 356,6 km² destruídos, seguido por 2020, com 326,49 km² derrubados.
Fonte: Amazônia.org.br