ESG no Setor Elétrico
ESG, sigla para referir as práticas ambientais, sociais e de governança, também usado para dizer o quanto um negócio busca formas de minimizar seus impactos no meio ambiente, construir um mundo mais justo e responsável para as pessoas ao seu entorno e manter os melhores processos de administração.
Quando nos deparamos com as metas estabelecidas até 2030, para cumprir com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), podemos observar o quanto o Setor Elétrico é relevante para contribuir com o desafio de assegurar o acesso universal, confiável, moderno e a preços acessíveis aos serviços de energia.
Relevância esta, acentuada durante o período da pandemia, onde o fornecimento de energia protagonizou um dos pilares centrais, na continuidade de serviços essenciais, como funcionamento de hospitais, unidades de atendimento, estações de tratamento de água e esgoto, sistemas de telecomunicações, processamento de dados e data centers, que rapidamente, aceleraram a virtualização de grande parte de nosso dia-a-dia.
Temos uma participação relevante com 45% de energia renovável em nossa matriz energética, sobretudo quando comparamos com o restante do mundo em um patamar de 14% (EPE/BEN 2020), o grande desafio é crescer ou manter esta participação ao longo do tempo, com a previsão de dobrar o consumo de energia através da eletrificação de nossa sociedade, com destaque para a ampla inserção da mobilidade elétrica nos próximos anos.
Certamente, as distribuidoras de energia passarão por grandes transformações, deixando de ser fornecedores de energia, para atuar em um papel mais complexo na gestão dos ativos e das redes inteligentes, gerenciando uma transição descarbonizada, descentralizada e digital (3D), onde os consumidores, além de gerar, e até mesmo comercializar a energia excedente, poderão escolher seu fornecedor. Isto traz ainda mais complexidade na expansão, operação e gestão das redes, aproximando cada vez mais e mais rápido a adoção de novas tecnologias e sistemas avançados de gestão da distribuição, como o Ecostruxure Grid ADMS da Schneider, ampla e globalmente difundido ou painéis elétricos com tecnologia livres de gás SF6 como o SM6 SM AirSet.
Além da fronteira de suas redes, as concessionárias ocuparão um espaço cada vez maior na construção de infraestrutura que possa fomentar o desenvolvimento e a modernização de nossa indústria e comércio, e a exploração do enorme potencial de eficiência energética presente em todos os segmentos econômicos do país.
Esta adoção a tecnologia, pode sugerir uma visão elitista do setor, entretanto, faz-se necessário, abordarmos a importante contribuição que a geração, transmissão e distribuição tem no desenvolvimento social das comunidades onde atuam, trazendo desenvolvimento, como o acesso à energia para comunidades isoladas, a formação vocacional de jovens e adultos, e a melhoria da infraestrutura das comunidades, até mesmo o suporte a atividades econômicas.
A consequência destas ações gera benefícios para os negócios, como a redução do furto de energia em áreas mais carentes, não somente pelo uso da tecnologia, mais pelo reconhecimento do impacto social gerado pelo setor elétrico e criação de uma identidade entre comunidades e companhias. Importante mencionar que neste âmbito a Schneider Electric criou um programa de treinamento vocacional em eletricidade para jovens e adultos da base da pirâmide, que já formou 287.000 pessoas em todo mundo e forneceu soluções de acesso à energia para 29 milhões de pessoas.
Seguindo as melhores práticas de ESG todas estas transformações estão ocorrendo com a adoção de compromissos públicos pelas empresas, com metas baseadas na ciência, garantindo máxima transparência e integralidade, como iniciativa capitaneada pela Rede Brasil do Pacto Global, denominada “Integração dos ODS no Setor Elétrico”, que congrega as principais companhias do setor elétrico brasileiro.
Neste sentido, fica claro, que o setor elétrico tem um grande desafio na chamada “´década da ação” (créditos à João Salgueiro), minimizando seu impacto ambiental, ampliando a visibilidade dos riscos e oportunidades relacionadas às mudanças climáticas, trazendo soluções para a mitigação e adaptação, todas atreladas a necessidade de acelerar o desenvolvimento do Brasil de forma sustentável.
Julio Martins
Vice Presidente da Schneider Electric