Amazônia - Notícia e Informação
  • Notícias
  • Agronegócio
  • Biomas
  • Clima
  • Infraestrutura
  • Povos Tradicionais
  • Regional

data

26 de agosto de 2021

Sob protesto de moradores, deputados aprovam PL que autoriza concessão no Jalapão

Biomas, Notícias

    O projeto autoriza a realização de concessão e parcerias público-privadas em quatro UCs estaduais. Comunidades tradicionais criticam falta de transparência e diálogo

    Projeto de lei autoriza concessão e demais parcerias com iniciativa privada em 4 UCs do Tocantins, entre elas o Jalapão. Foto: Andrea Marques/Naturatins

    A Assembleia Legislativa do Tocantins aprovou nesta terça-feira (24) o projeto de lei que permite a concessão à iniciativa privada de quatro unidades de conservação estaduais, entre elas, o Parque Estadual do Jalapão, o mais visitado do estado. A votação – e a aprovação, por 16 votos a 4 – foi recebida com surpresa e indignação, uma vez que a própria Assembleia havia informado que não votaria o projeto antes de realizar audiências públicas com as comunidades tradicionais, uma solicitação feita em ação do Ministério Público Federal (MPF) que tramita na Justiça. O projeto de lei é de autoria do governador do estado, Mauro Carlesse (PSL), a quem agora cabe a sanção.

    Além do Jalapão, o Projeto de Lei (PL) nº 5, de junho de 2021 autoriza concessões e demais parcerias público-privadas nos parques estaduais do Cantão e do Lajeado, e no Monumento Natural das Árvores Fossilizadas.

    De acordo com a justificativa do governador, a proposta busca “oportunizar ao Tocantins os níveis adequados, aptos à exploração de atividades de visitação voltadas à educação ambiental, à preservação e conservação do meio ambiente, ao turismo ecológico, à interpretação ambiental e à recreação em contato com a natureza, precedida ou não da execução de obras de infraestrutura, por meio da ampliação de oportunidades de investimentos e empregos no Estado e do estímulo ao desenvolvimento econômico estadual”.

    O autor da proposta reforça ainda que a concessão será uma oportunidade para que o Estado desempenhe suas atividades ambientais voltadas à conservação e gestão das unidades de conservação, que permanecerão sob responsabilidade do poder público.

    O texto do PL nº 05/2021 não traz muitos detalhes sobre como as concessões e demais parcerias funcionarão, nem estabelece prazos limite de vigência dos futuros contratos. Sobre as responsabilidades do parceiro privado, especifica apenas que o mesmo fica incumbido, “enquanto durar a parceria, a guarda, proteção e conservação do bem em parceria e pelas medidas e despesas necessárias ao fiel cumprimento deste encargo”.

    O Parque Estadual do Jalapão é o mais visitado do estado. Foto: Fabricio Fonseca/Naturatins

    De acordo com o PL, a concessão ou demais parcerias público-privadas incluem “serviços, áreas ou instalações para a exploração de atividades de visitação voltadas à educação ambiental, à preservação e conservação do meio ambiente, ao turismo ecológico, à interpretação ambiental e à recreação em contato com a natureza, precedida ou não da execução de obras de infraestrutura” nas quatro unidades de conservação listadas.

    Na última sexta-feira (20), o Ministério Público Federal propôs uma ação civil pública, com pedido de liminar, contra o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) e o estado do Tocantins, para impedir a concessão do Parque Estadual do Jalapão sem que seja feita antes uma consulta prévia, livre e informada às populações tradicionais.

    Na região do Jalapão existem sete comunidades quilombolas, duas delas – Mumbuca e Povoado do Prata – têm seu território tradicional sobreposto à área do parque estadual do Jalapão.

    O juiz federal que analisa a liminar solicitada pelo MPF optou por ouvir o governo do Estado e o julgamento da ação segue em aberto.

    Apesar do PL nº05/2021 estabelecer que a parceria público-privada “não abrange as áreas de comunidades quilombolas e indígenas ou populações tradicionais beneficiárias de unidades de conservação”, a ação do MPF aponta que “ainda que se diga que a concessão não atingirá as áreas das comunidades tradicionais, é preciso levar em conta que: i- os territórios dessas comunidades ainda não foram devidamente demarcados e titulados; ii – as comunidades exploram atividades turísticas bastante diversas, não exclusivamente dentro de seus territórios”.

    O Ministério Público destaca ainda a insatisfação dos moradores, expressa na audiência pública realizada no dia 19 de agosto – a única audiência realizada até então sobre o projeto – na Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Assembleia. Entre as críticas dos moradores está a falta de diálogo e de transparência sobre a proposta. Os moradores temem ainda perder sua fonte de renda com a vinda de grandes empresas para atuar no setor turístico.

    Moradores da região do Jalapão protestaram, de joelhos durante o hino, em frente à Assembleia. Foto: Divulgação/Reprodução

    Do lado de fora da Assembleia Legislativa, moradores das comunidades tradicionais do Jalapão se manifestaram contra o projeto e, de joelhos, cantaram o Hino Nacional, em protesto. Antes da votação, houve ainda tumulto na entrada da plenária, quando pessoas tiveram sua entrada barrada na sessão. Por conta da pandemia, a presença na assembleia está limitada.

    Em janeiro deste ano, o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) anunciou acordos com seis estados, entre eles o Tocantins, para adesão ao Programa de Estruturação de Concessões de Parques Naturais. De acordo com os contratos, o BNDES oferecerá apoio, avaliação, estruturação e implementação de projetos visando à concessão de parques e outras unidades de conservação de proteção integral com visitação estabelecida. Na época, dois parques estaduais tocantinenses já estavam na lista: Jalapão e Cantão.

    De acordo com o secretário-executivo do Conselho de Parcerias Público-Privadas (CPPI), Robson Ferreira, os projetos de estruturação de parcerias dos dois parques já estariam em estágio avançado. O Jalapão é o principal destino de ecoturismo do Tocantins e recebe em média 40 mil visitantes por ano.

    Por: Duda Menegassi
    Fonte: O Eco

    MPF recorre de decisão concedida em favor de Belo Monte sobre o hidrograma da Volta Grande do Xingu Terras indígenas não comprometem áreas disponíveis e produção agropecuária

    Related Posts

    Design sem nome (5)

    Destaques, Notícias

    O site Amazônia encerrou suas atividades 

    Notícias, Povos Tradicionais

    MPF apura atraso em demarcação de terras indígenas no interior do Acre

    Pantanal pode perder 10 mil hectares de vegetação nativa

    Biomas, Notícias

    Pantanal pode perder 10 mil hectares de vegetação nativa

    Pesquisar

    Newsletters

    Assine a newsletter

    Amazônia - Notícia e Informação

    Politica de Privacidade

    • Política de Privacidade
    • Termos & condições
    O conteúdo do site Amazônia é de uso livre e irrestrito. Pode ser compartilhado desde que citada a fonte.
    Conteúdos de sites parceiros devem ser observadas as políticas de terceiros.