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8 de setembro de 2021

O belo documentário ‘Pisar Suavemente na Terra’ aponta caminhos para o futuro da Amazônia a partir do olhar indígena e ancestral

Notícias, Povos Tradicionais

    “O futuro é ancestral. Ele é tudo que já existiu. Ele não é o que tá lá, em algum lugar. É o que está aqui”, disse o pensador indígena Ailton Krenak à Marcos Colón, diretor do documentário ‘Pisar Suavemente na Terra’, numa tarde de julho, à beira do Rio Doce (que, na foto acima, parece limpo, mas oferta peixes mortos), na aldeia Krenak, próximo de Resplendor, em Minas Gerais.

    E foi essa fala que o documentarista escolheu para arrematar o trailer, que é uma obra-prima e pincela os caminhos que poderão nos ajudar a ‘adiar o fim do mundo’, começando pela Amazônia.

    Mas Krenak também dá inicio ao trailer, como um convite: “A gente só existe porque a Terra deixa a gente viver. Ela dá vida pra gente. Não tem outra coisa que dá vida. É por isso que a gente chama ela de Mãe Terra“.

    Drama civilizatório
    Com estreia prevista para novembro deste ano – provavelmente no Brasil, e seguida de circuito em festivais -, o segundo filme de Colón (o primeiro é Beyond Fordlândia, de 2018), dá voz aos sobreviventes de “uma guerra capitalista contra a vida”.

    É o olhar ancestral dos amazônidas que o guia e dá respostas para algumas questões que emergem diariamente do caos social e ambiental em que nos metemos.

    Drama civilizatório

    Com estreia prevista para novembro deste ano – provavelmente no Brasil, e seguida de circuito em festivais -, o segundo filme de Colón (o primeiro é Beyond Fordlândia, de 2018), dá voz aos sobreviventes de “uma guerra capitalista contra a vida”.

    É o olhar ancestral dos amazônidas que o guia e dá respostas para algumas questões que emergem diariamente do caos social e ambiental em que nos metemos.

    Talvez não exista melhor momento para a produção, a divulgação e o lançamento deste filme do que agora.

    Em Brasília, há mais de 20 dias, indígenas de etnias de todas as regiões do Brasil estão acampados para acompanhar o julgamento realizado no Supremo Tribunal Federal sobre o destino da Terra Indígena Xokleng reivindica pelo governo de Santa Catarina. O resultado decidirá o destino de todas as demarcações de terras pelo país.

    Enquanto isso, no Congresso, tramitam – às vezes em regime de urgência – diversos projetos de lei que visam a liberação das terras indigenas para exploração predatória.

    ‘Pisar Suavemente na Terra’ pode nos inspirar e ajudar a compreender o que é urgente fazer em meio a este drama civilizatório. Espero que ainda tenhamos tempo pra isso.

    Barbárie capitalista

    O processo de produção levou 18 meses e foi interrompido diversas vezes pelas restrições da pandemia da covid-19. Mas isso em nada abateu Colón, que, assim que pode, ficou meses longe de casa – ele é professor na Universidade Estadual da Flórida, na Califórnia, EUA – em viagens pelo Peru, Colômbia e Brasil, especialmente nas cidades de Santarém, Marabá e Tabatinga, colecionando histórias. Acompanhei um pouco de suas aventuras, por WhatsApp.

    O roteiro do filme é assinado por ele e Bruno Malheiro, geógrafo e professor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. Eles dividiram a obra em quatro atos: Anúncio, Guerra em Curso, Morte e Horizontes.

    No primeiro, o fim do mundo é anunciado pela destruição dos povos amazônicos. No segundo, a guerra tem continuidade e é expressa “com suas engrenagens de destruição da vida”, levando à morte (o terceiro ato) “como expressão cabal das escolhas que fizemos como sociedade”.

    O último ato é como uma redenção: revela a possibilidade de vislumbrarmos o futuro ao mergulharmos na ancestralidade e colocarmos as cosmovisões amazônidas no centro do mundo. Só assim.

    Cada parte da mensagem deste tocante e visceral documentário é construída a partir dos depoimentos de “personagens que enfrentaram a barbárie capitalista na Amazônia”, que são lideranças indígenas. Cito, aqui, apenas três.

    José Manuyama, da etnia Kukama da Amazônia peruana, narra o cotidiano marcado com a contaminação do rio pelo garimpo e pelo petróleo.

    A cacica Katia (acima), do povo Akrãntikatêgê, de Marabá, também no Pará, “resiste em um território cortado pela mineração e por diversos empreendimentos econômicos”. Seu depoimento está no trailer (no final deste post): muito contundente.

    Inspiração e companhia

    A obra de Colón ainda é permeada pela voz potente da radialista Mara Régia, que acompanha o olhar de Ailton Krenak e tem seu pensamento como grande inspiração. Como não se render?

    Nas palavras do mestre indígena – como o documentarista chama o querido amigo -, “o futuro é ancestral e a humanidade precisa aprender, com ele, a pisar suavemente na terra”. Aceito o convite.

    Agora, assista ao trailer que já revela um pouco da preciosidade da obra de Colón, que, claro, não trabalhou sozinho. Na ficha técnica abaixo, estão todos os nomes de quem compôs a talentosa equipe:

    Direção e Produção: Marcos Colón
    Roteiro: Bruno Malheiro & Marcos Colón
    Fotografia: Bruno Erlan & Marcos Colón
    Edição e Trilha Original: Diego Farias
    Produção Executiva: Marcos Colón
    País e ano de produção: Brasil, Peru e Colombia / 2021
    Coprodução: Amazônia Latitude Films

    Por: Mônica Nunes
    Fonte: Conexão Planeta

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