Pesquisa revela maior conscientização de empresas sobre os riscos das mudanças climáticas ao utilizarem fornecedores que não adotam práticas ambientais, porém mostra dificuldades para o engajamento em ações de mitigação
Investir na sua empresa visando contribuir com a luta global para a redução das emissões de gases do efeito estufa já é um desafio, porém, tentar lidar com a cadeia de fornecedores é um obstáculo ainda maior que diversas companhias estão tentando superar.
Muitas vezes, as emissões decorrentes dos fornecedores de um determinado produto são muito mais significativas do que a sua fabricação em si, portanto, olhar para as fases anteriores pode trazer muitos benefícios para a mitigação das mudanças climáticas.
Para lidar com essas dificuldades, o Carbon Disclosure Project (CDP) criou o projeto Supply Chain (CDP SC).
Em 2012, o CDP conduziu a sua quinta pesquisa anual entre as empresas que participam da iniciativa, revelando que a conscientização sobre os riscos impostos pelas mudanças climáticas em sua cadeia de fornecedores é maior do que nunca.
Dos questionados, 70% identificam riscos atuais ou futuros, com potencial para afetar significativamente seus negócios ou renda. Na cadeira de fornecedores, mais da metade dos riscos identificados devido à seca e precipitação extrema já afeta as operações das empresas ou devem afetar nos próximos cinco anos.
Os questionados afirmam que investem cada vez mais em ações que cortem suas emissões e resultem em economia, porém se percebeu uma notável brecha entre o seu desempenho e dos seus fornecedores. Apenas 38% dos fornecedores, em comparação com 92% dos membros do CDP SC, disseram ter metas para o corte nas emissões.
Em se tratando de investimentos em iniciativas que cortem emissões, 27% dos fornecedores e 69% dos membros confirmaram o repasse de recursos.
Comparando com dados de 2011, houve um aumento de 19% para 29% na proporção de fornecedores percebendo benefícios em termos monetários e de corte de emissões. Esses 29% que cortaram emissões dizem ter economizado US$ 13 bilhões como resultado.
Dos que estão investindo na redução das emissões, 73% dizem acreditar que as mudanças climáticas apresentam um risco físico para suas operações, sendo que apenas 13% identifica a regulamentação como único risco.
Melhorar a reputação através de credenciais ‘sustentáveis’ e aumentar a compreensão da empresa sobre o comportamento relacionado à sustentabilidade dos consumidores foram os dois fatores identificados neste ano pelos questionados como principais oportunidades para a criação de valor empresarial.
Nesta edição, mais de seis mil fornecedores de 52 dos 54 membros do ‘CDP Supply Chain’ receberam questionários. As repostas chegaram a 2.415. Destes 54 membros, 22 são europeus, 19, norte-americanos e sete, latino-americanos. Entre as empresas brasileiras no CDP SC estão a Fibria Celulose, Suzano Papel e Celulose, Vale, Banco Bradesco, Braskem, Colgate Palmolive, Eletropaulo e Marfrig Alimentos.
“Fazer investimentos na sustentabilidade da cadeia de fornecedores é importante, mas a iniciativa também precisa vir acompanhada de esforços de melhoria de desempenho em várias áreas: gestão de informações, inserção da sustentabilidade nas atividades cotidianas; e o gerenciamento de múltiplas partes da organização mais efetivamente”, ressalta o CDP.
Para o futuro, o CDP aponta que seus membros devem estar conscientes da importância tanto da proteção contra os riscos quanto da valorização dos seus negócios.
Fonte: Carbono Brasil