Apesar das queimadas, desmatamento na Amazônia Legal e no Cerrado registram quedas
Em agosto a área desmatada na Amazônia Legal Brasileira (ALB) registrou uma redução de 11% em relação ao mesmo período do ano passado, ao todo a região perdeu 500,71 km2 de florestas, segundo dados do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real – DETER, divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Em relação a julho de 2024, a queda foi de 25%.
A área desmatada no Pará (191 km2) representou 38% do total desmatado na região da Amazônia Legal, contudo o estado registrou queda de 6,5% em relação ao mesmo período de 2023. O Mato Grosso, segundo estado do ranking dos que mais desmataram, contribuiu com 27,6% da área desmatada (138 km2), ainda que tenha registrado uma queda de 19% em comparação com o ano anterior. Já o Amazonas foi responsável por 18% do desmatamento na região em agosto (89,3 km2), com um aumento de 5% comparado a 2023. No Acre, a área desmatada (30,7 km2) teve aumento de 26%, representando 6% da área total desmatada. Rondônia, quinto da lista, teve queda de 40% no desmatamento, contribuindo com 5% do desmatamento em agosto na Amazônia Legal.
Nesta quinta-feira (5) foi celebrado o dia da Amazônia, com poucos motivos para celebração uma vez que o bioma vive uma seca sem precedentes. Os impactos das mudanças climáticas já atingem o bioma e isso tem interferido no nível dos rios da Amazônia que atravessam uma seca severa em muitos dos estados, esse ano sem a influência do El Niño. Os fluxos de chuvas também são afetados, o que deve impactar cada vez na dinâmica do desmatamento, já que períodos secos, tendem a ter índices maiores. Tradicionalmente, o Prodes, do INPE, consolida os dados do desmatamento anual dos biomas tendo como base o mês de agosto de um ano até julho do outro, justamente para acompanhar as dinâmicas de chuvas e secas.
O governo federal tem sido cobrado para dar uma solução ao desmatamento e as queimadas. Em março o Supremo Tribunal Federal determinou que o Governo Federal deveria tomar medidas para tornar efetivo o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm). O prazo se encerraria dia 26 de agosto, mas foi ampliado pelo ministro André Mendonça e se encerrará na próxima segunda-feira, dia 9. Além disso o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho tem dado entrevistas aos jornais para prestar contas de como o governo tem lidado com a crise e sinalizou que o governo tem trabalhado com a hipótese de que o fogo tenha substituído o desmatamento, sendo a nova estratégia para grilagem.
No acumulado dos meses de 2024 (janeiro a agosto) a área desmatada na Amazônia Legal Brasileira (ALB) foi de 2.810,38 km2, a segunda menor área acumulada para o período desde o início da série histórica, atrás apenas de 2017 quando a área registrada no mesmo período foi de 2.067,62 km2. Em relação ao ano passado, a área registrada representa uma redução de 24%.
Desmatamento no Cerrado segue em queda
No Cerrado o desmatamento tem queda pelo quinto mês consecutivo. A área desmatada em agosto foi de 388,14 km2, 15% menor em comparação com mesmo período do ano anterior e 12% menor em relação a julho deste ano.
Os estados do MATOPIBA permaneceram na liderança das taxas de desmatamento mensal, Maranhão respondeu por 28% da área desmatada no Cerrado, seguindo pelo Tocantins, com 22%, Piauí, com 13% e Bahia, com 10%. Ao todo a região, que é a fronteira agrícola neste bioma, acumulou 73% da área desmatada em agosto.
Os estados que tiveram maior queda nas taxas mensais foram Bahia (40,26 km2), Mato Grosso do Sul (7,78 km2), Goiás (15,37 km2), Mato Grosso (33,13 km2) e Minas Gerais (23,11 km2). Contrariando a tendência de queda observada no bioma, o desmatamento aumentou em 3% no Maranhão (107,5 km2) e em 38% no Piauí (50,42 km2).
No acumulado dos meses de 2024 (janeiro a agosto), a área desmatada no Cerrado foi de 4.556,40 km2, uma redução de 16% em relação ao mesmo período do ano passado.
Texto: Cintia Cavalcanti e Aldrey Riechel
Gráficos: Ariane Janssen